No próximo domingo é o Dia da criança. A tradição indica que há que dar um presente para os mais pequenos, algo que eles gostem, que faça eles felizes, algo que queiram de verdade. O problema é que muitas vezes o que querem é um objeto de duvidoso benefício imposto pelo mercado através de astutas campanhas publicitárias.
Vamos aos dados. Na Argentina urbana se estima que 45,4% da infância e da adolescência, entre 5 e 17 anos, registra níveis insuficientes de atividade física, de acordo com as recomendações internacionais. Ou seja, realizam na média menos de 60 minutos diários de atividade física de intensidade moderada e vigorosa. Tendo em conta esta realidade necessitamos nos preguntar quais consequências terão em nossos pequenos e pequenas este presente: movimento ou mais tempo sentados?
As crianças de hoje, pertencentes à chamada Geração Alpha (nascidos depois de 2010), se caracterizam por ter a tecnologia incorporada na sua vida cotidiana. As pesquisas sobre o impacto da sobre-exposição às telas em população infantil demonstram que seu uso excessivo produz sedentarismo, sobrepeso, alterações vinculares e transtornos do sono. Este fator se complementa com outros até formar o que se denomina: a tormenta perfeita, uma série de elementos que geram um bombardeio de inibidores de movimento para aportar mais quietude. As consequências são notáveis:
- Há menos lugares disponíveis nos clubes. As instituições necessitam fazer rentável cada metro quadrado do que dispõem, alugando os ginásios poliesportivos a colégios particulares ou oferecendo atividades que geram ingressos nas suas contas.
- Aumento da insegurança nos lugares públicos. Ao haver pouca gente, às famílias já não acham que é seguro deixar seus filhos e filhas brincando sozinhos na rua, no parque ou nas quadras públicas.
- Escolas temerosas de que as crianças se movam pelo aumento dos acidentes devidos à incompetência motriz. Cada vez há mais proibições de correr nos recreios devido à falta de espaço e ao medo de que se machuquem.
- Maus hábitos alimentares. Argentina tem a segunda taxa mais alta de sobrepeso em menores de 5 anos da América Latina e do Caribe, com 9,9% segundo o Panorama de Segurança Alimentar e Nutricional elaborado recentemente pela Organização Panamericana da Saúde (OPS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). A tendência é mundial: desde 1975 aumentou 300%.
- Maus hábitos posturais e déficit de força. Aumentam ano a ano as consultas de crianças, desde os cinco anos, com dores de coluna e de ombros, rigidez no pescoço, cefaleias, náuseas, parestesia (formigamento nas mãos) e dificuldade para respirar. Este novo quadro já tem um nome em inglês: “text neck” (pescoço de texto). Um estudo do Hospital Municipal de Vicente López Dr. Bernardo Houssay, realizado entre junho de 2014 e o mesmo mês de 2016, mostrou que das 162 consultas por problemas de coluna, 70% corresponderam a cervicalgias (dor cervical), a patologia mais associada com o “text neck”. 25% deste segmento sofre pelo uso excessivo de dispositivos como celulares e tablets.
- O erro dos adultos. Se tudo isto parece pouco, nós, os adultos, somos a gota que derrama o copo com as etiquetas que inconscientemente e com o objetivo de protegê-los, falamos permanentemente aos pequenos. “Não corra”, “Você vai cair”, “Você vai machucar”, “Fica quieto” são frases que ouvimos regularmente nos entornos familiares. O único que provocam é temor, baixa autoestima e mais quietude nas nossas crianças.
Alternativas
Diante de semelhante evidência, seria chamativo que nos deixemos vencer pelo consumismo e sigamos presenteando quietude. Podemos optar por alternativas saudáveis e educativas, por exemplo bolas de todo tipo e tamanho, bicicletas, patinetes, skates, camas elásticas ou qualquer elemento que faça as crianças se moverem. Também é uma boa ideia comprar os elementos para construir juntos um carrinho a rolimãs ou, as famílias que têm espaço, para fazer uma mini play ground com troncos e cordas.
Obviamente, o presente ideal que nós podemos sugerir é uma bola e um aro de basquete. Porque estão presenteando a possibilidade de fazer um esporte, de gerar hábitos saudáveis, de conhecer amigos, de pertencer a um grupo e gerar sentido de pertencimento, de aprender a se esforçar por um objetivo, de compartilhar com outros e de divertir-se jogando.
O grande Andrés Ciro Martínez encerra sua canção Vas a bailar com a frase “Niños de pantalla bienvenidos al mercado...” (Crianças da tela, bem-vindos ao mercado). Melhor que joguemos esta partida contra o sedentarismo até o final. Cada um de nós tem algo para contribuir!
por Pablo Genga
Tradução: Filipe Ferreira
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