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Temos que repensar os clubes

Temos que repensar os clubes

As instituições enfrentam novos desafios. Passou-se o tempo de dirigentes de honra, é o momento de montar equipes profissionais.

30 / 06 / 2020

Os clubes na Argentina foram fundados entre o fim do século XIX e o princípio do século XX, geralmente por grupos de amigos com interesses comuns para responder às demandas da sociedade daquele tempo. Hoje, mais de um século depois, as características desta sociedade mudaram totalmente. Contudo, e surpreendentemente, o modelo de gestão dos clubes permanece quase intacto.

Nos encontramos então com instituições que tem movimento e um fluxo econômico similares ao de uma pequena ou média empresa, geridos por dirigentes apaixonados que fazem de tudo para, no dia a dia, manter esse lugar da melhor maneira possível. Esses dirigentes dedicam horas de seu tempo livre para colaborar com o clube, motivados por um sentimento de pertencimento, o clássico “porque minha família frequentou o clube por toda a vida”. Seria cruel julgar sua capacidade de gestão sabendo que fazem por amor ao clube e deixando de lado suas obrigações para ajudá-lo. Além disso, há cada vez menos dirigentes deste estilo, porque a rotina do dia a dia nos tira o tempo livre e nos obriga a priorizar obrigações laborais e familiares antes que colaborar desinteressadamente com um clube.

Em paralelo a este fenômeno, há cada vez mais famílias que chegam ao clube em busca de um serviço. Por exemplo, a piscina de natação, ensino esportivo, formação motriz, etc. Já não tem peso específico o sentido de pertencimento. Antes, o sobrenome das pessoas se vinculava com as cores do uniforme. Hoje, convivem nos clubes os sócios e os clientes dele. Ou seja, a mudança de lógica é profunda.

Os sócios têm uma história dentro da instituição, que foi transmitida de geração em geração. Desfrutam das atividades que ali se desenvolvem e da vida social. Comprometem-se com seu funcionamento, alternam-se em papéis nas comissões diretivas, dedicam seus tempos livres.

Os clientes, em contrapartida, realizam uma atividade, desfrutam dos serviços, pagam suas mensalidades e vem o clube como um lugar que lhes brinda um benefício. Já não como uma segunda casa.

Em definitiva, não creio que seja relevante determinar se as pessoas chegam a um clube como sócios ou como clientes. O que fazemos cada um de nós, que somos parte do clube – professores, dirigentes, pais, mães, responsáveis – fará que quem chegue como cliente tenha altas possibilidades de se associar. O sentido de pertencimento e o amor a uma instituição depende das ações diárias que fazemos, todos nós que estamos envolvidos.

Por outro lado, nós que somos parte dos clubes temos que entender que essa sociedade do começo do século passado, para a qual este modelo de gestão dos clubes era adequado, já não existe mais. Hoje é indispensável profissionalizar determinadas áreas para que sigamos cumprindo com o papel social e de formação que têm que ser oferecidos nos clubes.

A direção desportiva, a gestão administrativa, a comunicação e o marketing devem estar às mãos de uma equipe idônea. Profissionais capacitados que possam diagnosticar e elaborar propostas a partir do que a sociedade demande. É interessante, por exemplo, analisar o “boom” dos clubes de corredores a nível argentino. É uma atividade que parece não ter lugar nos clubes. Entretanto, tem como objetivo fomentar hábitos de vida saudáveis através da atividade física, como tantas outras atividades que os clubes propõem.

O papel do Estado

Por último, tenho que destacar a incompreensível desatenção por parte dos diferentes governos em relação às instituições desportivas. A mesmas instituições que disponibilizam suas instalações ao serviço da comunidade sempre que são requeridas. As que abrem seus ginásios para convertê-los em hospitais de campanha durante uma pandemia. As que abrem suas portas em catástrofes climáticas para abrigar as famílias que ficaram sem teto. As que mantém essas crianças que vivem dia a dia um inferno em suas casas e é no clube que tem o único lugar seguro por onde passam e sentem que há um futuro possível. As ajudas, esporádicas, não sistemáticas, chegam como migalhas e enquanto cada vez que os clubes pedem mais, é dado cada vez menos.

Nós, os professores, quem temos o uniforme do clube posto desde antes de haver nascido, temos que formar equipes: juntar dirigentes, pais, sócios, clientes, pessoal administrativo e elaborar um plano. Por que nós? Porque somos os únicos profissionais da atividade física. Porque somos os mais capacitados em gestão esportiva e quem podemos conseguir que todos remem para o mesmo lado. É hora também de envolver todas as crianças que desfrutam diariamente dos clubes para comprometê-las a ser parte da mudança.

O desafio atual dos clubes está em sobreviver à pandemia e despois ver como se recuperar. Não somente dos efeitos da pandemia, mas também dos efeitos do passar do tempo e de uma mudança de cenário que já aconteceu e é irreversível.

por Pablo Genga

Tradução: Filipe Ferreira

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