Abro o debate. Olhar em retrospectiva o que vivemos nos anos recentes junto com a leitura do livro “Quem controla o futuro da educação?” do pesquisador Axel Rivas, me despertou ideias e reflexões que podem ser transferidas ao mini basquete. “O ensino é obrigatório, a aprendizagem é voluntária”, diz. Sinto que, cada vez, toma mais força este conceito e que se faz real e visível em cada uma de nossas práticas.
Por necessidade, temos certificado que espalhar o saber carrega, inevitavelmente, a espalhar o não saber. Reconhecê-lo e aceitá-lo nos abriu, sem dúvidas, um leque potente de possibilidades de ensino. Apesar de recomendar a leitura completa do livro, me permito compartilhar algumas ideias pontuais que nos mostram que depois desta tormenta nada voltará a seu lugar original.
A grande tradução
Um processo de transformação profunda ocorre diante de nossos olhos: se trata da grande tradução dos conteúdos educativos estáticos, sequenciados uns aos outros num regime de poder homogênico, centrado na obrigação de aprender, a uma série de fluxos de aprendizagens personalizados, baseado no apelo dos desejos e motivações oculta dos alunos e alunas.
A grande tradução é uma combinação das forças que emergem em tempos que todos e todas querem conteúdos de maneira fácil. São tempos de ansiedade nos quais ninguém está disposto a esperar, nem nos celulares, nem nas aulas (físicas ou virtuais). Este processo se inscreve na nova episteme cultural, da livre escolha instantânea e no crescimento prolongado dos direitos das novas gerações, que ocupam mais e mais espaço na definição das regras e a organização da sociedade. Nasce do cansaço do dever escolar e da certeza, ao mesmo tempo, de que sem conhecimento não se viaja longe neste mundo.
É uma época incômoda para os pensamentos únicos. Há que se fazer perguntas, trabalhar os dilemas, entender a grande tradução como um campo indefinido de poder e saber. É um novo tempo para estudar a tradução da linguagem pedagógica, do que há para aprender. Basil Bernstein (1998) falou, há 20 anos, da paleta pedagógica e colocou em evidência que o campo da tradução curricular estava repleto de variantes. Na atualidade, essa paleta está mais alongada e contém mais diversidade de cores do que nunca. É um grande momento para se dedicar a pesquisar.
A visão curricular
Uma instituição que há desenvolvido uma estrutura desafiante para pensar a missão de educar no século XXI é o Center For Curriculum Redesign. Sua proposta educativa está centrada em quatro pontos:
Estas estruturas conceituais abrem o caminho a novas visões sobre o que os alunos e alunas devem aprender e ser capazes de fazer. Também permitem estender a noção do direito à educação. Já não se trata de memorizar saberes para repeti-los nos exames, senão de poder relacionar saberes e aplicá-los a situações novas, de usar o conhecimento para ampliar o campo de ação e fortalecer a cidadania democrática.
Estas concepções requerem atravessar um falso dilema. Não é necessário confrontar o saber contra o saber fazer. Se trata de criar síntese de valor que faça que o conhecimento tenha sentido para quem aprende e possa ser aplicado em distintas situações inesperadas.
Há uma profunda semelhança entre nosso saber disciplinar sobre o mini basquete e nossos paradigmas dominantes na hora de apresentar um processo esperável de ensino e de aprendizagem.
A força da formação
Na batalha para controlar o futuro da educação, os formadores serão ainda os agentes decisivos. Mas, ao redor deles, tudo está mudando. O mundo só parece reconhecível pelos materiais físicos com os quais são feitos as escolas e os clubes, no caso de nosso contexto desportivo. O que ocorre na mente e na vida dos jogadores e jogadoras se modificou por completo.
Há seis grandes forças que permitirão aos formadores, junto com as crianças, serem protagonistas do futuro da educação:
O equilíbrio é fundamental. Se a visão de mudança é demasiadamente ambiciosa produzirá um excesso de resistência e frustração. Mas se é muito conservador não conseguirá deixar para trás as inércias próprias do sistema.
Axel Rivas termina seu livro com uma frase e uma reflexão: “Tudo está por ser escrito. Seguiremos ensinando assim enquanto passam os dias? Há uma só coisa que a tecnologia (big data, os algoritmos, etc.) não poderá substituir que é a cumplicidade do olhar de um aluno ou aluna e seu professor”.
Para fechar a leitura ativa deste texto seria interessante que exercitemos a metacognição. Que cada um de nós pense e escreva sua reflexão do período. O que aprendi. O que me deixou esta situação tão especial. De onde início o novo ciclo de ensino. Nesse exercício simples aparecerão novas ideias. E novas perguntas.
por Juan Lofrano
Tradução: Filipe Ferreira
Em abril de 2025, acontecerá em Mar del Plata – Argentina, o 1º Train and Play LG. O evento inclui treinos, oficinas de arremesso, jogos competitivos, torneios de 3x3, todas as refeições, hospedagem e traslados.
Esta é uma lista de ideias para construir a identidade dos nossos times. Sempre é melhor trabalhar em bons processos.
Quem tem um bom arremesso desfruta mais do jogo. Mas arremessar bem é difícil e requer muito tempo de prática. Cinco dicas para jogadores. Cinco dicas para treinadores.
As crianças sempre querem jogar uma partida. Os professores querem que as crianças aprendam e se divirtam. Um exemplo para resolver essa questão.