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Reflexões sobre o ensino e o futuro

Reflexões sobre o ensino e o futuro

O treinador Juan Lofrano pensa o território do mini basquete desde uma abordagem pedagógica atual. Em tempos de ansiedade e incerteza há uma questão clara: sem conhecimento não se viaja longe neste mundo.

04 / 01 / 2021

Abro o debate. Olhar em retrospectiva o que vivemos nos anos recentes junto com a leitura do livro “Quem controla o futuro da educação?” do pesquisador Axel Rivas, me despertou ideias e reflexões que podem ser transferidas ao mini basquete. “O ensino é obrigatório, a aprendizagem é voluntária”, diz. Sinto que, cada vez, toma mais força este conceito e que se faz real e visível em cada uma de nossas práticas.

No caminho do ensino

Por necessidade, temos certificado que espalhar o saber carrega, inevitavelmente, a espalhar o não saber. Reconhecê-lo e aceitá-lo nos abriu, sem dúvidas, um leque potente de possibilidades de ensino. Apesar de recomendar a leitura completa do livro, me permito compartilhar algumas ideias pontuais que nos mostram que depois desta tormenta nada voltará a seu lugar original.

A grande tradução

Um processo de transformação profunda ocorre diante de nossos olhos: se trata da grande tradução dos conteúdos educativos estáticos, sequenciados uns aos outros num regime de poder homogênico, centrado na obrigação de aprender, a uma série de fluxos de aprendizagens personalizados, baseado no apelo dos desejos e motivações oculta dos alunos e alunas.  

A grande tradução é uma combinação das forças que emergem em tempos que todos e todas querem conteúdos de maneira fácil. São tempos de ansiedade nos quais ninguém está disposto a esperar, nem nos celulares, nem nas aulas (físicas ou virtuais). Este processo se inscreve na nova episteme cultural, da livre escolha instantânea e no crescimento prolongado dos direitos das novas gerações, que ocupam mais e mais espaço na definição das regras e a organização da sociedade. Nasce do cansaço do dever escolar e da certeza, ao mesmo tempo, de que sem conhecimento não se viaja longe neste mundo.

É uma época incômoda para os pensamentos únicos. Há que se fazer perguntas, trabalhar os dilemas, entender a grande tradução como um campo indefinido de poder e saber. É um novo tempo para estudar a tradução da linguagem pedagógica, do que há para aprender. Basil Bernstein (1998) falou, há 20 anos, da paleta pedagógica e colocou em evidência que o campo da tradução curricular estava repleto de variantes. Na atualidade, essa paleta está mais alongada e contém mais diversidade de cores do que nunca. É um grande momento para se dedicar a pesquisar.

A visão curricular

Uma instituição que há desenvolvido uma estrutura desafiante para pensar a missão de educar no século XXI é o Center For Curriculum Redesign. Sua proposta educativa está centrada em quatro pontos:  

  • Conhecimentos: definido como aquilo que podemos compreender.
  • Habilidades: como usamos o que sabemos.
  • Personalidade: como nos comportamos e nos comprometemos no mundo.
  • Meta-aprendizagem: que se define por como pensamos e nos adaptamos.

Estas estruturas conceituais abrem o caminho a novas visões sobre o que os alunos e alunas devem aprender e ser capazes de fazer. Também permitem estender a noção do direito à educação. Já não se trata de memorizar saberes para repeti-los nos exames, senão de poder relacionar saberes e aplicá-los a situações novas, de usar o conhecimento para ampliar o campo de ação e fortalecer a cidadania democrática.

Estas concepções requerem atravessar um falso dilema. Não é necessário confrontar o saber contra o saber fazer. Se trata de criar síntese de valor que faça que o conhecimento tenha sentido para quem aprende e possa ser aplicado em distintas situações inesperadas.

Há uma profunda semelhança entre nosso saber disciplinar sobre o mini basquete e nossos paradigmas dominantes na hora de apresentar um processo esperável de ensino e de aprendizagem.

A força da formação

Na batalha para controlar o futuro da educação, os formadores serão ainda os agentes decisivos. Mas, ao redor deles, tudo está mudando. O mundo só parece reconhecível pelos materiais físicos com os quais são feitos as escolas e os clubes, no caso de nosso contexto desportivo. O que ocorre na mente e na vida dos jogadores e jogadoras se modificou por completo.

Há seis grandes forças que permitirão aos formadores, junto com as crianças, serem protagonistas do futuro da educação:

  • A força da abertura: é a disposição à reflexão sobre as práticas, a não as deixar quietas, a pensar caminhos alternativos quando se está em apuros e as crianças olham para o outro lado.
  • A força do saber disciplinar: esta força não pode ser subestimada. Para viajar a novas rotas pedagógicas, sempre será muito mais eficaz quem tenha maiores conhecimentos disciplinares sobre os conteúdos que vai ensinar.
  • A força das destrezas pedagógicas: há que compreender como viaja o conhecimento de um lado ao outro, entre livros, plataformas, aulas e sujeitos.
  • A força do espírito científico: os docentes são artesãos bilíngues que conhecem tanto os rudimentos do conhecimento científico como as intuições da prática.
  • A força da empatia e da justiça social: à medida que a justiça depende cada vez mais de variáveis circunstanciais dentro de uma sociedade muito fragmentada, ter maiores dose de compromisso social se converte em um capital simbólico impossível de separar da definição do que é um formador.
  • A força dos docentes como incentivadores: há que criar raízes de conhecimento e não ramas vencidas. O docente mais poderoso é aquele que ensina a seguir lendo e não a ler para ser aprovado no exame.

O equilíbrio é fundamental. Se a visão de mudança é demasiadamente ambiciosa produzirá um excesso de resistência e frustração. Mas se é muito conservador não conseguirá deixar para trás as inércias próprias do sistema.  

Axel Rivas termina seu livro com uma frase e uma reflexão: “Tudo está por ser escrito. Seguiremos ensinando assim enquanto passam os dias? Há uma só coisa que a tecnologia (big data, os algoritmos, etc.) não poderá substituir que é a cumplicidade do olhar de um aluno ou aluna e seu professor”.

Para fechar a leitura ativa deste texto seria interessante que exercitemos a metacognição. Que cada um de nós pense e escreva sua reflexão do período. O que aprendi. O que me deixou esta situação tão especial. De onde início o novo ciclo de ensino. Nesse exercício simples aparecerão novas ideias. E novas perguntas.   

por Juan Lofrano

Tradução: Filipe Ferreira

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