“Há aqueles que jogam bem e aqueles que ainda não”. Escutei esta frase há anos ao finalizar uma palestra da ENEBA (Escola Nacional de Treinadores de Basquete da Argentina) Nível 1. Desde então a multipliquei nas minhas palestras, clínicas e revalidações com o objetivo de transmitir sua profundidade.
Estas palavras chegaram para solucionar um dilema meu. Por um lado, conseguia avanços notórios com alguns jogadores e jogadoras, no entendimento do jogo e nas ferramentas de execução. Pelo outro, convivia com os jogadores que não progrediam e suas dificuldades eram visíveis. A possibilidade de dizer que estes últimos “jogavam mal” era uma sensação incômoda, mas real.
A chave está no AINDA. Este indicador temporal abre possibilidades, permite ver em cada criança seu potencial de aprendizagem para não fechar nossas pontes de ensino. Motivos há vários, todos com pontos de interrogação. Suas aprendizagens prévias. Seu desenvolvimento motor tardio. Sua falta de desejo. Seu temor em errar. O algum outro indicador que gera um processo mais lento para se apropriar dos saberes próprios do jogo.
É interessante analisar o valor didático desta visão. Junto aos meus colegas podemos contar estórias sobre grandes jogadores e jogadoras de mini basquete que não conseguiram permanecer no esporte. E do outro lado da moeda, sobre aqueles que explodiram fora do tempo. Eu gostaria de colocar em discussão este hipotético “fora do tempo”, assinado pela visão reducionista de algum professor apressado por conseguir triunfos.
A relação mecânica entre o ensino e a aprendizagem está muito suspeita na sua efetividade e vigência. A frase “já te ensinei isso” não pode nem deve sobreviver nas nossas aulas. Estou convencido de que o processo de aprendizagem é concretizado quando as crianças querem (desejo), podem (possibilidades) e conseguem "se dar conta".
Esta perspectiva que trazemos ao debate é, desde minha experiência, o antídoto ideal para a seleção precoce, para ter favoritos ou favoritas nos treinos, para a desigualdade de participação e protagonismo nas partidas e para a falta de equidade na hora de ensinar. Os adultos com pensamento de curto prazo com seus atalhos táticos não se levam bem com esta visão e se nota demasiado quando estão à frente de um grupo de mini basquete.
Quando pensamos nas nossas intervenções, a frase “há aqueles que jogam bem e aqueles que ainda não” coloca a heterogeneidade em um lugar seguro e desfrutável. Também respeitamos as biografias motoras e consideramos os nossos jogadores como sujeitos com direito a jogar, se divertir, se animar a tentar e se sentir competentes. Se conseguimos, seremos considerados “bons professores”. Não duvidem.
por Juan Lofrano
Tradução: Filipe Ferreira
Em abril de 2025, acontecerá em Mar del Plata – Argentina, o 1º Train and Play LG. O evento inclui treinos, oficinas de arremesso, jogos competitivos, torneios de 3x3, todas as refeições, hospedagem e traslados.
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