O erro está socialmente mal visto. Fazemos todo o possível para escondê-lo, para disfarçá-lo. Mas, no momento de percorrer um processo de ensino, o erro é necessário para que se produza a aprendizagem. É um portador de informação. Por isso nunca há que castigar pelo erro no mini basquetebol. Pelo contrário, temos que UTILIZÁ-LO!
Nenhum jogador ou jogadora se equivoca de propósito. Em todo caso, temos que avaliar se a proposta de ensino está de acordo ao nível das crianças. Muitas vezes o erro parte da desinformação ou por um comando pouco claro ou equivocado. Correções do tipo “passe bem a bola” são comuns numa sessão de treino. Agora, bem, o jogador poderia perguntar a que nos referimos com “bem”? Devemos ser claros no comando e no objetivo da mensagem. Queremos que passe a bola com mais precisão? Queremos modificar o destinatário do passe? Queremos que reflita melhor sobre o tipo de passe que escolheu? Queremos que passe a bola com mais força? O conceito de “bem”, neste caso, não é correto porque podemos interpretá-lo de formas diferentes. As palavras que escolhemos para formular os comandos determinam o êxito dos exercícios.
Outro erro comum por parte dos professores: torcem em vez de dar informações. “Vamos, vamos, vamos”, ouvimos muito nas quadras de basquete. Às vezes é melhor fazer silêncio para que o jogador possa observar, perceber, decidir e executar com calma a melhor ação que creia que seja conveniente. Gerar um ambiente de segurança e não estar lhes dizendo, todo o tempo, o que têm que fazer. Obter que o jogador confie mais em si mesmo.
O desafio de superar o "sempre fizemos assim"
É muito importante diferenciar o erro do “não-saber”. Talvez o jogador ou a jogadora se equivocam porque não sabem. Se não sabem, temos que ensiná-los. E entender que é muito provável que as primeiras tentativas não vão ser bem-sucedidas.
Por último, temos que avaliar a quem falamos e como. Dentro da equipo haverá jogadores que são mais visuais, mais auditivos ou mais sinestésicos. Desta forma, saberemos a quem mostrar, a quem falar e a quem abraçar para chegar com a informação. Temos que encontrar o canal mais sensível. Um detalhe a ter em conta é começar o diálogo ou a correção com um aspecto positivo, seguir com a correção ou com aquilo que se deve melhorar e finalizar com uma frase motivadora que empurre o jogador a querer alcançar a melhora.
– Você que passa tão bem a bola, tem que tratar de fazer uma finta antes do passe. Tenta fazer isso já que você vem treinando muito bem!
Desta maneira, não focamos somente no negativo, senão que rodeamos a correção em aspectos que o jogador ou a jogadora interpreta como positivas. Os tons de voz e a linguagem corporal nas correções também são importantes. Muitas vezes, comunicamos mais com nossas expressões faciais que com o que queremos dizer. Por isso sempre devemos considerar que somos profissionais do ensino e referências de nossos jogadores e jogadoras, sempre. Dentro e fora da quadra.
por Pablo Genga
Tradução: Filipe Ferreira