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O ensino do drible no mini basquete

O ensino do drible no mini basquete

Quiques baixos e quiques altos. Subir uma escada. O professor Pablo Genga explica e dá dicas para treinar os jogadores e jogadoras de minibasquete. O objetivo é automatizar o gesto.

01 / 12 / 2020

A habilidade para driblar a bola é uma das ações mais difíceis de ensinar no minibasquete. A possibilidade de transitar, com a posse da bola, de um lugar ao outro da quadra faz com essa seja uma técnica cujo ensino deve acontecer desde o primeiro momento, e que parta de uma necessidade detectada no jogo. No começo da aprendizagem, o drible será executado como conseguirem, com a mão dominante, indo para qualquer lugar, abusando do seu uso e olhando, permanentemente, a bola. Depois, com o passar das aulas, devemos tratar de melhorar cada um destes aspectos, não somente para que o drible seja eficaz em relação à execução, mas, também, para que a interação do “quando” e do “porquê” driblar seja coerente.

Particpe da Associação LG 2021

Algumas dicas importantes para se levar em conta na hora do ensino desta técnica:

- É sempre mais fácil dominar uma bola com quiques baixos do que com quiques altos. Isso nos convida a propor situações de dribles ajoelhados, sentados e, até, deitados. Estas formas de aprender a driblar também ajudarão a inibir movimentos exagerados dos braços e focará o domínio da bola no movimento do antebraço, punho e dedos.

- Explorar diferentes formas de fazer contato com a bola. Por mais que saibamos que se dribla com os dedos, é importante desenvolver todas as sensações perceptivas do contato do objeto com a mão, para diferenciar com quais partes dela se deve manipular a bola. Por exemplo, driblar tocando a bola com os cinco dedos, com a palma da mão, uma vez com cada dedo, fará com que o jogador ou a jogadora diferenciem as sensações do contato da bola com seu corpo e possam identificar com quais partes controlam melhor o objeto do jogo.

- Desenhar figuras no chão, utilizando o drible, permitirá que o jogador ou jogadora experimente diferentes posições da mão em relação à bola, para poder orientá-la para onde queira ir. Desta forma, podemos driblar em volta de um pé, em forma circular, ao lado do pé, indo de frente para trás (estendendo os braços para chegar o mais longe possível), na frente do corpo, de um lado até o outro, em forma de “V” com quiques sobre o eixo do corpo e, também, formando diferentes figuras, letras ou números no chão. A ideia central, neste aspecto, é poder tornar independentes e dissociados, os movimentos do corpo e da bola.

- Outro aspecto chave no momento de desenvolver a percepção do drible é diferenciar a intensidade. Quanto menor for a fase do voo do quique, ou seja, do tempo transcorrido entre que a bola se desprenda da mão, quique no chão e regresse ao controle, menor será a possibilidade do rival poder roubá-la. Por isso, através de diferentes propostas, podemos administrar a intensidade do drible. Por exemplo, driblar fazendo muito barulho; driblar forte, deixar que a bola suba e, assim que quicar, tomar o controle dela o mais baixo possível para voltar a driblá-la; driblar subindo uma escada, onde devemos dar mais impulso para que a bola possa subir junto e driblar modificando as alturas, desde muito perto do chão até o mais alto que se possa.

- É determinante sentir a bola. Para que a bola seja uma continuidade do corpo e possa fazer com ela o que queira. Devemos fazer com que a técnica do drible passe de ser um movimento voluntário para um movimento automático.

Os movimentos voluntários têm como característica que quem os realiza tem plena consciência de que está realizando o movimento, mas seu nível de execução, ainda em processo de aprendizagem, não permite tirar a atenção do gesto. Quer dizer que, enquanto se executa, toda sua atenção seletiva está concentrada em dominar o movimento com a maior eficiência possível. Após a realização deste movimento inúmeras vezes através de diferentes situações, chegaremos à etapa de automatização do gesto técnico. Isto se consegue através da realização do gesto em situações similares, mas diferentes, priorizando a automatização sobre a repetição.

A automatização do gesto técnico permitirá ao jogador ou jogadora aumentar os níveis de atenção para os estímulos que realmente são relevantes no jogo, como por exemplo, a posição dos companheiros e adversários, os espaços livres, o tempo de jogo, etc. Fazer com que fiquem independentes do controle da bola. Como conseguimos isso na etapa de iniciação? Através de atividades que proponham o domínio da bola, ao mesmo tempo que realizam outra atividade, como por exemplo, conduzir uma bola com o pé enquanto driblam, rodar um bambolê com o braço contrário com o que dribla ou receber, visualmente, estímulos para reagir através do drible.

Como último aspecto relacionado ao ensino, considero muito importante poder desenvolver o drible desde a etapa de iniciação, tanto com a mão dominante como com a mão não dominante, porque a lateralidade, durante a etapa de minibasquete, apresenta um período sensível para seu desenvolvimento. Iniciar a ambidestria, nesta etapa, permitirá que no futuro o jogador ou jogadora possa tomar decisões táticas inteligentes sem condicionar sua escolha pela possibilidade técnica do domínio da bola com uma ou outra mão.

É fundamental a prática deste gesto desde a etapa de iniciação, além de não fomentar sua utilização permanente no jogo, o que levaria a condutas mais egoístas, que é justamente o que não desejamos nesta etapa. O fundamento técnico deve estar disponível para ser utilizado quando o jogador ou jogadora necessite e, simultaneamente, ensinar a utilizá-lo de maneira correta, eficiente e justa dentro do jogo.

por Pablo Genga

Tradução: Filipe Ferreira

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