Esperar não é uma opção. Muitas vezes reclamamos que não temos tanto tempo quanto gostaríamos para desenvolver jogadores, então, uma vez que os colocamos em campo, não há como prendê-los. Temos que ser criativos para espremer cada minuto de treino e transformá-lo em um episódio de aprendizagem. No entanto, também é real que nos falta espaço. Felizmente (ou como consequência de um correto plano de massificação) são muitos os clubes que têm as suas escolinhas de basquetebol ou as suas equipes de mini basquetebol cheias de crianças ansiosas por aprender. E, às vezes, não temos os espaços ideais para acomodar tantos alunos. As quadras são pequenas, as demais categorias também demandam espaço e o horário disponível para utilização das instalações é limitado. A solução, então, não parece fácil.
Clínica de basquete formativo - Brasil 2023
A coisa mais rápida que vem à mente é ter muitas crianças brincando simultaneamente. Desta forma, caímos na armadilha do 5x5, onde aparentemente são 10 jogadores participando, quando na realidade não é. É apenas uma ilusão. Existem vários trabalhos de levantamento de dados que comprovam que o jogo síntese, no mini basquete, não é eficiente, pois são 2 ou 3 jogadores que monopolizam o jogo e os demais se tornam espectadores de luxo. Pelo contrário, sugerimos a utilização do jogo reduzido como ferramenta por excelência para a fase de iniciação, uma vez que está demonstrado que aumenta em mais de 50% a participação ativa de cada jogador no campo de jogo.
Uma vez descartada esta opção, passamos a algumas alternativas que nos aproximam de possíveis soluções, utilizando, como sempre, a didática como ferramenta para potencializar o ensino e melhorar sua qualidade:
1- Utilizar o perímetro da quadra para tarefas já conhecidas e que não requeiram uma explicação extensa ou supervisão contínua: enquanto fazemos propostas de desenvolvimento técnico ou jogos de resolução de problemas na quadra de jogo. O perímetro da quadra será o espaço, por exemplo, para o aperfeiçoamento de habilidades motoras básicas necessárias para uma melhor disponibilidade motora. Também pode ser utilizado para circuitos de coordenação ou para espaços de desenvolvimento de força nos quais os jogadores, após terminarem a sua tarefa na quadra, têm de rodar por um deles.
2- Nos exercícios, use jogadores que já completaram a tarefa como defensores passivos: os jogadores que completaram sua execução farão o papel de defensores passivos. Dependendo da dificuldade da tarefa, ele pode segurar a bola na mão e mantê-la parada ou tentar acertar a bola que o companheiro que está driblando está driblando com a bola.
3- Nos jogos, por exemplo no 3x3 com a quadra na transversal, utilizar passadores nas laterais: esta dinâmica tem diferentes benefícios, ao nível do desenvolvimento tático e perceptivo e também na dinâmica de participação no jogo. Por um lado, alargamos a quadra, fazendo a bola lateralizar. Se o coringa for fixo, então será uma excelente opção para praticar o "passar e cortar". Se o passador é dinâmico, ou seja, o jogador que passa substitui o passador e o passador se torna um jogador de quadra, gera-se uma situação de superioridade numérica momentânea que desenvolve a percepção e a tomada de decisão tanto da equipe ofensiva (que deve servir vantagem daquele jogador que por um momento não terá defesa) e também da equipe defensiva (já que terá que reorganizar sua atribuição de forma que o novo jogador tenha alguém para defendê-lo).
4- Organize as fases do jogo de forma dinâmica: desta forma, enquanto duas equipes estarão dentro do campo, outras duas equipes estarão na linha de fundo de cada cesta. Quando ocorrer uma conversão naquele aro, o time que recebeu a cesta sairá e o time que estava embaixo do aro entrará em situação de vantagem. Essa alternativa tem vantagens e desvantagens. A vantagem é que o time que entra pode se organizar com antecedência e aproveitar sua ordem, em relação ao arranjo aleatório em que ficou o time que acabou de converter. É uma boa opção se estamos começando com o ensino do intervalo rápido e a identificação dos corredores de contra-ataque. A desvantagem é que tiramos uma fase do jogo, já que ao receber a conversão, o time defensor não consegue sacar rapidamente e tentar compensar aqueles pontos contra, mas deve sair para dar espaço ao outro time. É aqui que devemos observar e tomar uma decisão que se encaixe no que precisamos naquele momento do processo de ensino.
5- Por fim, outra estratégia que podemos usar é atribuir a cada jogador um treinador personalizado, e como seria? Na minha formação como professor de educação física, um bom professor uma vez nos explicou que o ensino recíproco era uma excelente estratégia de ensino porque não há ninguém mais significativo para ensinar algo do que um colega, um parceiro, um amigo. Independentemente da tarefa ou proposta que propomos, vamos fazê-lo em pares. Onde por um momento um é o protagonista, ou seja, aquele que executa e o outro o ajuda e corrige. Sempre que aplico essa estratégia de ensino o resultado é sucesso. Os meninos gostam muito de se colocar no papel de professor por um momento e, por outro lado, também gostam que seja um parceiro que pode dizer a eles algo que os faça jogar melhor.
Sem dúvida, não são as únicas alternativas de que dispomos na hora de aumentar o índice de participação em nossos treinos. Haverá melhores ou apenas outros. O que estou convencido é que a linha entre treinos dinâmicos e participativos e treinos onde apenas as crianças se divertem é muito tênue. Entretenimento é bom, desde que haja conteúdo por trás dele. Ou seja: se divertir e aprender? Sim. Sempre. Agora, apenas se divertir, seria igual a um treino de basquete recreativo. Não tenho dúvidas de que a didática é a ferramenta por excelência para converter nossos treinos massivos, numerosos e limitados em espaços verdadeiramente participativos, divertidos e, acima de tudo, espaços de aprendizagem.
por Pablo Genga
Tradução por Filipe Ferreira
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